HISTÓRIA DO ATUAL REINADO
Part. 1Rainha Mara Táhirih há vinte e quatro anos deu à luz a gêmeos, um símbolo tido como amaldiçoado. Apesar das contradições, as crianças não só foram mantidas vivas como foram apresentadas oficialmente ao reino como os sucessores. Mas uma parte da história não foi contada aos demais. Quando os gêmeos nasceram, as parteiras presenciaram primeiro a vinda da menina e em seguida do menino. Temendo que o monarca colocasse o primogênito ilegítimo como herdeiro, como os rumores sugeriam, Mara recorreu ao duque Táhirih, seu pai, que aconselha colocar o garoto como o primeiro nascido, já que a nobreza e o clérigo tipicamente patriarcal, além do povo que não gostava sequer de ouvir o nome gêmeos iriam preferir o bastardo. Então a rainha mostrou primeiro o jovem príncipe ao rei. Assim como no dia seguinte, as espadas Táhirih foram banhadas de sangue das inocentes parteiras.
Até aquele momento, o Príncipe Herdeiro (primogênito da rainha) e a Joia de Issartel — título dado a uma princesa e é considerada o símbolo de inocência, jovialidade e casamento — eram os únicos com o sobrenome Völkers, apesar das amantes presentearem o rei com crianças e mais crianças ditas como sangue do seu sangue. Para a raiva do duque Táhirih e a rainha, houvera vários problemas para engravidar, dois abortos espontâneos e um bebê que nasceu morto. Parecia que estava realmente amaldiçoada. Com isso, a Igreja concedeu ao rei a benção para batizar alguns filhos frutos de relações extraconjugais e de acordo com a petição do duque — e silenciosamente da rainha — foram proibidos de entrar na linha de sucessão. Receberam apenas o sobrenome, a possibilidade de morar no palácio real e a chance de casar com nobres e oficiais de alto escalão. Um jogo político, mais herdeiros para mais laços e arranjos políticos.
A praga do sangue negro ou doença de Malta é uma doença misteriosa em que as pessoas expeliam sangue negro por meio da tosse, as vezes sangravam pelo nariz e ouvidos com uma coloração extremamente escura, apareceu em anos gloriosos. O reino fazia trocas comerciais com facilidade, os feudos produziam alimentos em abundância, a produção de artigos de valor não paravam. Além da estabilidade política, mesmo que no palácio as coisas fossem diferentes e houvesse risco de assassinatos tanto das mulheres do rei quanto dos seus filhos. Estar no poder era importante. Apesar disso, tudo estava bem. Até mesmo os ataques das bruxas eram combatidos e elas levadas à fogueira. Porém, com a calamidade que veio do norte, entre Wagrove e Tafeld, as notícias das mortes não demoraram a aparecer. A distância se tornou pequena com o medo. As pessoas morriam rapidamente, os médicos usavam grandes máscaras e vestes negras para se proteger, mas isso não impedia de contrair a doença e ter o mesmo fim de seus pacientes. A doença se alastrou rápido, não se sabe como. Algumas pessoas clamavam à Igreja Branca salvação. Outras culpavam as bruxas e se alistavam a Igreja Vermelha para participar da inquisição. Alguns iam bater nas portas dos castelos e palácios dos nobres pedindo proteção. O pânico se deleitava naquela situação caótica.
Seis meses após os primeiros casos, Issartel havia sido tomado pela doença. Nem todos ficaram doentes, mas aqueles que ficaram poucas vezes sobreviviam. Os mais fanáticos queimavam os próprios amigos infectados, aterrorizados em adquirir a maldição. Havia aqueles que aproveitavam a circunstância para roubar, matar e usurpar, já que a fiscalização era deficiente. A família real não ficou isenta. Alguns filhos ilegítimos e amantes morreram em condições duvidosas. Infelizmente, para o desespero da rainha que amava seu herdeiro e jogava toda a culpa de sua infertilidade na filha, o garoto morreu após pegar a doença uma semana depois. Dois meses seguintes, após uma luta insistente contra a praga, o rei de Issartel caiu.
A rainha Mara se tornou regente em Issartel por um período muito curto. Por tradição e lei, apenas um descendente que herdasse o sangue Völkers — e portasse a marca volkeriana, uma marca de nascença que todo descendente Völkers possui, em qualquer local do corpo, são três cobras cada uma mordendo a própria cauda e ao mesmo tempo se entrelaçando entre si, em que apenas a família real e descedentes destas como alguns conselheiros, sacerdotes e cavaleiros sabem sobre isso — pode governar. Como a rainha Mara não se encaixa nesse quesito, a nobreza e clérigos mais conservadores exigiam que a irmã gêmea do príncipe herdeiro, Ameerah Tahirih Völkers, fosse coroada antes que completasse 18 anos nos meses seguintes. Em uma situação normal, casamentos e outorgação da transferência de títulos devem ser feitos após completar 18 anos. Mas em casos especiais, é possível fazê-lo a partir dos 16 anos e, extremamente raro, aos 14. A coroação foi às pressas, assim como o casamento arranjado com um herói em ascensão para diminuir a instabilidade política. O título de Jóia Real foi passado para outra princesa.
Última edição por Jupiteriando em Seg Fev 20, 2023 6:49 pm, editado 1 vez(es)